Só a administração pública criou vagas
Em um ano de perdas generalizadas na ocupação, a exceção foi a administração pública, que teve alta média de 1% no número de ocupados, com mais 172 mil trabalhadores, impulsionada pelos segmentos de saúde e educação.
Já o comércio acumulou perda de 9,6% na população ocupada no ano. A retração de 1,7 milhão de pessoas foi a maior redução anual entre as 10 atividades pesquisadas pelo IBGE em termos de contingente de trabalhadores.
Nos serviços, os maiores tombos foram nos segmentos de alojamento e alimentação (-21,3%) e serviços domésticos (-19%).
Já construção fechou 2020 com perda média de 12,5% na ocupação e indústria com queda de 8%.
Os menores percentuais de redução ficaram com agricultura (-2,5%) e informação e comunicação (-2,6%).
Falta trabalho para 32 milhões
Segundo o IBGE, havia 32 milhões de pessoas subutilizadas no Brasil no 4º trimestre. Na média anual, esse contingente chegou a 31,2 milhões, o maior da série anual, com alta de 13,1% (ou mais 3,6 milhões de pessoas subutilizadas) em relação a 2019. Já a taxa média de subutilização ficou em 28,1%, a maior da série anual, contra 24,2% em 2019 (24,2%).
O grupo de trabalhadores subutilizados reúne os desempregados, aqueles que estão subocupados (trabalham menos de 40 horas semanais, mas poderiam e gostariam de trabalhar mais), e os que fazem parte da força de trabalho potencial (não estão procurando emprego por motivos diversos), incluindo os desalentados, que são aqueles que desistiram de procurar uma ocupação no mercado.
Indicadores antecedentes têm mostrado uma desaceleração do ritmo de recuperação da atividade econômica neste começo de ano em meio ao término das medidas de auxílio governamental sem substitutos definidos. A queda da renda e a inflação "mais salgada" também têm levado mais pessoas a procurar um emprego, o que tende a manter a taxa de desemprego ainda elevada no 1º trimestre de 2021.
A média das projeções do mercado para o crescimento do PIB em 2021 tem sido revisada para baixo e está atualmente em 3,29%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.