Um dos primeiros moradores que viram a onça-parda que "passeou" pelas ruas de Cerqueira César (SP) relembra o susto que levou ao encontrar o felino. Ninguém foi atacado pelo animal, que acabou sendo capturado, na terça-feira (1º).
"No que eu endireitei o carro na rua, eu vi um animal grande atravessando a rua. No primeiro momento, achei que fosse um cachorro grande. Você vai imaginar uma onça dentro da cidade?", disse ao Fantástico o eletricista Wagner Basílio.
O Corpo de Bombeiros foi chamado e começou uma operação para imobilizar a onça por trás do muro. O plano era passar um sedativo por uma fresta entre os tijolos, mas o animal se assustou e fugiu pelo outro lado. A onça, então, tentou entrar em várias casas.
O cabo da PM Adriano Bassetto gravou o vídeo de dentro do carro dele. "Eu estava numa velocidade de mais ou menos uns 40 km por hora, tive até uma certa dificuldade de acompanhar ela, porque o animal é muito rápido", disse.
Desorientada, a onça buscou abrigo no porão de uma casa, que está em obras. Ela cruzou uma passagem na parede e ficou presa.
"Na hora que eu estava subindo, mais ou menos no meio da escada, eu vi ela. Subi rasgando a escada. Subi correndo. Ela passou por debaixo da escada. O coração vai pra boca", contou o pedreiro Reinaldo Silva.
"A gente recebeu a mensagem de que tinha uma onça nas redondezas. A gente fechou a casa, a gente já escutou o barulho aqui no fundo. Abri a janela para ver o que tava acontecendo e já tinha bombeiro, pessoal da cidade, e aí eles me avisaram que tinha uma onça no meu porão", lembrou Ronaldo Alves da Silva.
Com a onça encurralada, foi preciso chamar a polícia ambiental e uma equipe de veterinários da universidade estadual.
"A gente precisou fazer mais de um dardo. Foram 3 dardos na musculatura do animal para que ele realmente caísse e ele não causasse um risco pra gente na manipulação", explicou a veterinária da Unesp de Botucatu, Heloísa Coppini de Lima médica-veterinária.
Sandra Cavalcanti é pesquisadora do Instituto Pró-Carnívoros, que monitora onças-pardas no interior do estado de São Paulo.
"As onças-pardas são um indivíduo solitário e elas têm um determinado território. Quando eles são jovens, os machos jovens, eles saem atrás de novas áreas para estabelecer seus territórios. Pode ser que ele eventualmente venha topar com uma área mais próxima de um centro urbano e acaba por curiosidade entrando na cidade", afirma.
"A gente captura essas onças, anestesia, põe um colar no pescoço que tem o GPS e ele é comunicado com o satélite. Então, a gente consegue monitorar essas onças de hora em hora. Ela pode andar até 15, 20, até 40 km por dia", detalha.