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Biden diz que Rússia pode não ter disparado míssil contra a Polônia
G1 Globo
Publicado em 16/11/2022

Otan continua a investigar a explosão que matou duas pessoas na Polônia, mas o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, diz que informações iniciais indicam que o disparo do míssil pode não ter sido feito da Rússia.

 

"Existe uma informação preliminar que contesta isso. Eu não quero afirmar isso antes de a investigação ser concluída, mas pela trajetória do míssil é pouco provável que ele tenha sido disparado da Rússia", disse Biden

 

O presidente dos EUA falou com a imprensa após uma reunião de emergência com líderes do G20 em Bali, na Indonésia.

 

"Nós concordamos em ajudar a investigação polonesa sobre a explosão perto da fronteira com a Ucrânia. Nós vamos tomar uma decisão coletiva sobre quais serão os próximos passos ao fim da investigação", afirmou Biden.

 

Apesar de levantar a hipótese de o disparo contra a Polônia não ter sido feito pela Rússia, o presidente americano voltou a criticar o país por escalar as tensões na Ucrânia com vários ataques nesta terça. "Eles atacaram enquanto nós estávamos reunidos", disse.

 

O míssil caiu em uma fazenda de grãos e deixou ao menos dois mortos no vilarejo de Przewodów, que fica no leste da Polônia, próximo à fronteira com a Ucrânia. De acordo com o governo polonês, a cidade foi atingida por volta das 15h40 no horário local (11h40, no horário de Brasília).

 

A Polônia é um país-membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar formada em 1949 e que hoje conta com 30 países, incluindo EUA, Canadá, Reino Unido e França.

 

Os membros concordam em ajudar uns aos outros no caso de um ataque armado contra qualquer Estado membro. Na prática, um ataque a um país da Otan é considerado um ataque a todos os outros integrantes da aliança.

 

O presidente da Polônia, Andrzej Duda, afirmou que é muito provável que o país acione o Artigo 4 da Otan em uma reunião marcada para esta quarta-feira (16).

 

O Artigo 4 da Otan diz que "as Partes consultar-se-ão sempre que, na opinião de qualquer delas, estiver ameaçada a integridade territorial, a independência política ou a segurança de uma das Partes".

 

Além desse, o Artigo 5 do tratado também fala sobre invasões a nações que fazem parte da Otan. Ele diz que "um ataque armado contra uma ou várias delas na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas" e prevê ainda a possibilidade de "emprego da força armada, para restaurar e garantir a segurança".

 

O que diz a Polônia

O chefe do Escritório de Segurança Nacional da Polônia, Jacek Siewiera, disse que o presidente da Polônia conversou com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, sobre a queda do míssil.

"Verificamos as premissas do Artigo 4 da Otan. Estamos em contato com nossos aliados e esperamos conversas com o lado americano", declarou Siewiera.

Segundo a Reuters, embaixadores membros da Otan vão se encontrar na quarta-feira para debater o assunto. Um dos diplomatas que confirmou o encontro à agência afirmou que a Organização "vai agir cautelosamente e precisará de tempo para verificar o que aconteceu com precisão".

A Polônia ainda pediu explicações sobre o caso ao embaixador da Rússia em Varsóvia.

 

O que diz a Rússia

Antes de a Polônia afirmar que seu território foi sido atingido por um míssil russo, o Ministério da Defesa da Rússia negou a alegação, que classificou como "uma provocação deliberada com o objetivo de agravar a situação".

Em comunicado, o governo russo afirmou que "nenhum ataque a alvos perto da fronteira entre Ucrânia e Polônia foi feito por meios de destruição russos".

Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que não tem informações sobre o incidente.

A informação sobre a queda de mísseis russos foi revelada por um alto funcionário da inteligência dos Estados Unidos, que falou à Associated Press em condição de anonimato.

Inicialmente, o Pentágono afirmou que não era possível confirmar a informação de que mísseis russos atingiram a Polônia. "Não temos nenhuma informação neste momento para corroborar esses relatos e estamos investigando isso mais a fundo", disse o porta-voz do Pentágono, Patrick Ryder.

O presidente da Ucrânia Volodymir Zelensky acusou a Rússia de ter atacado a Ucrânia.

"Quanto mais a Rússia sentir impunidade, mais ameaças haverá para qualquer um ao alcance dos mísseis russos. Disparar mísseis conta o território da Otan. Este é um ataque de mísseis russos contra a segurança coletiva. Esta é uma escalada muito significativa. Devemos agir", afirmou Zelensky.

 

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