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Gentileza ou reviravolta? Macron chama Maduro de "presidente" na COP27
Uol
Publicado em 08/11/2022

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o venezuelano Nicolás Maduro tiveram uma conversa breve e calorosa na noite de segunda-feira (7), à margem da COP27, em Sharm el-Sheikh, no Egito. Um vídeo desta reunião foi divulgado pela presidência venezuelana. O encontro ganhou destaque porque a França não reconhece Maduro como presidente da Venezuela. O presidente francês, Emmanuel Macron, e o venezuelano Nicolás Maduro tiveram uma conversa breve e calorosa na noite de segunda-feira (7), à margem da COP27, em Sharm el-Sheikh, no Egito. Um vídeo desta reunião foi divulgado pela presidência venezuelana. O encontro ganhou destaque porque a França não reconhece Maduro como presidente da Venezuela.

Seria essa uma reaproximação entre Paris e Caracas? Foi nos corredores da COP27 que os dois presidentes se encontraram. Em tom cortês, a conversa durou apenas dois minutos. O presidente francês evitou uma pergunta de seu colega venezuelano, mas o informou que ficaria feliz em conversar com ele por telefone.

A certa altura, Emmanuel Macron chamou Nicolás Maduro de "presidente". A atitude do chefe de Estado francês surpreendeu, já que oficialmente Paris não reconhece o líder bolivariano como o legítimo presidente da Venezuela. Assim como os Estados Unidos, a França ainda apóia o líder da oposição Juan Guaidó, autodeclarado presidente interino, embora este último tenha perdido muito de sua influência política. Macron inclusive recebeu Guaidó no Palácio do Eliseu em janeiro de 2020.

Reviravolta diplomática?

A reação de Emmanuel Macron àquele considerado há pouco tempo como um pária faz parte de uma reviravolta diplomática mais ampla. Em 2019, os Estados Unidos impuseram uma série de sanções contra a Venezuela, incluindo um embargo de petróleo. Mas com o aumento dos preços da energia devido à guerra na Ucrânia, Washington aliviou algumas dessas sanções.

O presidente francês disse, em junho passado, que os recursos tinham que ser buscados em outros lugares e que o petróleo venezuelano precisava ser colocado de volta no mercado. Palavras apreciadas por Nicolás Maduro que, nesta segunda-feira (7), não escondeu sua satisfação por poder trocar algumas palavras com Emmanuel Macron durante a COP27.

Reconhecimento implícito

Para o pós-doutorado no Instituto de Estudos Avançados de Madrid, especialista em Venezuela Thomas Posado, este encontro "atesta o fracasso da estratégia de Guaidó". Com a crise energética causada pela guerra na Ucrânia, a Europa e os Estados Unidos estariam repensando a relação com a Venezuela e o seu petróleo. Em entrevista à RFI, Posado cita que o jornal espanhol El País investigou que os Estados Unidos pensam em suspender o reconhecimento do governo Juan Guaidó a partir de janeiro de 2023. Posado lembra que a "presidência alternativa" de Guaidó "nunca teve poder efetivo no país".

A estratégia ocidental não funcionou e a representação diplomática da Venezuela na França continuou sendo a do governo Maduro. O líder venezuelano, aliás, estará em Paris no Fórum da Paz nesta sexta-feira (11) e sábado (12).  O fato de Macron ter chamado Maduro de presidente mostra que implicitamente Paris o reconhece como chefe de Estado, diz o especialista. "Guaidó hoje está isolado mesmo entre a oposição venezuelana, cujas principais forças estão agora focadas em obter a eleição presidencial de 2024", defende. 

"Nós estamos em um momento em que a maioria da América Latina é governada por líderes de esquerda, muito diferente de 2019, quando Bolsonaro estava no poder no Brasil, Macri na Argentina... Hoje o conservador Grupo de Lima não existe mais na verdade e Nicolás Maduro não está mais isolado na cena latino-americana", sublinha Posado.

 

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